Psiquiatras ensinam a lidar com medo, perdas e luto após tragédias

Cinco por cento da população brasileira tem algum transtorno de comportamento que inviabiliza a convivência social

De que forma a tragédia ocorrida na última quinta-feira (7) no Rio de Janeiro afeta o cérebro foi o tema do Bem Estar desta sexta-feira (8), que também falou sobre medo, ansiedade, perdas e separações – e como superá-los.

O programa mostrou, ainda, que a dor e o sofrimento fazem parte da vida, e aprender a conviver com o luto é importante para seguir em frente. Para explicar como o corpo reage a situações de medo e estresse e os comandos que a mente dá para que as pessoas sobrevivam e convivam com os momentos difíceis da vida, estiveram presentes no estúdio a psiquiatra forense Hilda Morana e o psiquiatra Marcelo Feijó.

Cinco por cento da população brasileira tem algum transtorno de comportamento que inviabiliza a convivência social. Hilda explicou como identificar esses sinais.

Em todo o Brasil, a técnica da terapia comunitária, criada pelo psiquiatra Adalberto Barreto – que já participou do Bem Estar -, permite que os participantes exponham o que sentem e se recuperem mais rápido. O serviço é gratuito e pode ser encontrado no site da Associação Brasileira de Terapia Comunitária (Abratecom).

Segundo Barreto, sofrer sozinho é sofrer duas vezes. Quando o indivíduo se abre e fala sobre o que lhe aconteceu, sai da posição de vítima para uma posição de humanidade, de perceber que faz parte da existência perder, ganhar, se apegar e desapegar.

Em uma dessas rodas de conversa, em São Paulo, a repórter Marina Araújo viu que a cicatrização de uma ferida, a recuperação e a vida nova levam tempo. E que não há solução mágica ou imediata: é preciso esperar o tempo passar.

Como o cérebro reage

Em situações adversas, a região central do cérebro, que controla as emoções, fica em estado de alerta e dispara uma espécie de sinal para o restante do corpo. É liberada a adrenalina, uma substância que aumenta a frequência cardíaca e faz com que o sangue chegue mais rápido aos músculos.

A respiração se acelera e o corpo fica mais ágil e oxigenado. O cérebro também libera um hormônio chamado ACTH, que aciona a glândula suprarrenal (acima dos rins), que por sua vez ativa outro hormônio, o cortisol.

Ele faz com que o organismo tenha uma resposta mais prolongada, e aumenta a produção de glóbulos brancos e anticorpos, reforçando o sistema de defesa. Com o metabolismo completamente modificado, a pessoa fica mais preparada para um momento de luta ou fuga.

Imagem: Ilustração