Saiba diferenciar as cores das lentes dos óculos de sol

Basta dar uma volta pelas ruas que eles estão lá, de várias cores e modelos, chamando a atenção do povo que enxerga nos óculos de sol vendidos em camelôs a chance de ter um belo acessório, por um preço acessível. Mas, por mais que seja barato, não vale a pena correr tantos riscos.

“Óculos de sol sem boa procedência não oferecem garantia de proteção UV, não passam por tratamento anti-risco, anti-reflexo ou polarização. A irregularidade da superfície das lentes pode causar desconforto visual, dor de cabeça e astigmatismo – deformidade da córnea que torna a visão desfocada para perto e longe”, afirma o oftalmologista e conselheiro médico da Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica) Leôncio Queiroz Neto. Por isso, o barato pode sair caro.

Em entrevista ao Vida Saudável, o médico explica os riscos de economizar na compra dos óculos, qual é a diferença entre as cores das lentes e outros motivos para adquirir óculos de qualidade.

Como a pessoa pode identificar que os óculos são piratas?

Pelos locais em que são comercializados e pelo preço muito fora do praticado pelo mercado.

Tem algum valor mínimo de um bom óculos de sol?

Segundo Bento Alcoforado, presidente da Abióptica, o consumidor sempre deve desconfiar de um óculos com valor inferior a R$ 40,00.

Tem diferença para a saúde em relação às lentes pretas ou marrons?

Bons óculos de sol são condicionadores eficazes de luz. Além da proteção UV total, proporcionam proteção contra a luminosidade intensa e eliminam certas frequências de luz que atrapalham a visibilidade. Por isso, o conforto visual também deve nortear a escolha. Por exemplo, lentes polarizadas, eliminam a luz refletida nas superfícies, melhorando a visibilidade no trânsito. Além disso, a cor influi na visão de contraste e ofuscamento. A escolha depende da atividade e horário. (Veja no quadro)

Por que faz mal usar óculos pirateado? Quais são os prejuízos a longo prazo e no momento que a pessoa usa?

Principalmente pelas lentes não terem proteção UVA/UVB. Os prejuízos estão relacionados ao efeito cumulativo da radiação UV nas células oculares.

Principais problemas:

– Aumenta em 60% a chance de surgir a catarata, turvamento do cristalino. A doença é apontada como a maior causa de cegueira tratável pela OMS (organização Mundial da Saúde) e está em expansão no Brasil por causa do envelhecimento da população.

– Pode causar pterígio, espessamento da conjuntiva que atrapalha a visão e é mais comum em trabalhadores rurais ou pessoas que exercem atividades externas sem proteção.

– A radiação altera o filme lacrimal que tem a função de proteger a córnea , membrana ocular externa, das agressões do meio ambiente, provocando a síndrome do olho seco. Os sintomas são: visão embaçada, desconforto e olhos vermelhos.

– Na falta de lágrima, os raios UV induzem à ceratite, inflamação da córnea que sem tratamento adequado pode comprometer a acuidade visual. Usar colírio por conta própria é sempre um risco. Isso porque, olhos vermelhos indicam diversos problemas e para cada um o tratamento é feito com colírios específicos. O uso indiscriminado de colírio vasoconstritor para deixar os olhos branquinhos pode induzir à catarata e ao glaucoma. Também deve ser evitado o contato da mucosa ocular com soro fisiológico. A solução não contém conservante desde 2001. Por isso pode contaminar os olhos.

– A exposição a altos índices de UV também provoca degeneração macular, parte central da retina, membrana posterior dos olhos onde as imagens são transmitidas para o nervo óptico. A doença é mais comum em pessoas de olhos claros e também pode estar relacionada às alterações na circulação que matam as células da retina. Ainda não existe tratamento eficaz para alterações retinianas. Por isso, a prevenção com lentes protetoras ainda é o melhor remédio.

Números

De acordo com pesquisa realizada pela Abióptica, com dados oficias da Receita Federal, 90% dos óculos apreendidos em 2009 e 2010 são os chamados óculos solares, em um total de 10.420.006 de unidades.

As principais características de cada cor são:

Cinza – Reduz o brilho e não distorce as cores, sendo uma boa opção para diversas atividades.

Âmbar(laranja-amarelo) ou marrom – Bloqueia a luz azul que está relacionada à formação da catarata e aumenta a visão de contraste. É ideal para motoristas e atividades externas por longos períodos.

Verde – Filtra pouca luz azul, mas oferece melhor visão de contraste. É a cor mais adequada para a população acima dos 60 anos, quando começamos a perder a visão de contraste.

Púrpura – É a melhor opção para esqui ou caça porque aumenta a visão de contraste em ambientes com fundo azul ou verde.

Amarela – Bloqueia a luz azul e reduz o ofuscamento de motoristas no lusco-fusco do entardecer, mas são inadequadas durante o dia por reduzirem a visão de contraste em ambientes com muita luminosidade.

Imagem: Reprodução