Programa de auxílio a produtores está incentivando o comércio com a África

O café, a cachaça, o biquíni, o artesanato e até móveis produzidos no Estado vão invadir um novo território: o africano. Mais de 20 micro e pequenas empresas do Estado vão começar ainda este ano a exportar para Moçambique.

Na capital do país, Maputo, o Sebrae/ES abrirá um centro de distribuição. A expectativa é de que o local esteja pronto para receber as mercadorias capixabas até abril.

A artesã Giovana Barbosa será uma das exportadoras. “Vou vender peças de decoração, como a minha escultura Bailarina, que levou um prêmio por ser feita de alumínio reciclado. Já penso até em produzir um artesanato exclusivo para enviar para a África”, destaca a empresária, que também vai ensinar sua arte para famílias em risco social e para mulheres presas de Moçambique.

Segundo o gerente de Acesso ao Mercado do Sebrae/ES, Rafael Nader, a ideia de vender para África começou em setembro do ano passado, depois que a entidade organizou uma missão para Maputo. A viagem contou com 26 empresários, que foram até a cidade apresentar os seus produtos.

“Além do setores de bebidas, alimentação, artesanato e vestuário, empresas de metalmecânica, tecnologia da informação e até construção civil puderam mostrar para os africanos suas ideias. O interessante é que os produtos capixabas foram muito bem recebidos”, destaca.

Nader explica que o Sebrae está em processo de negociação com uma companhia, que fará a abertura de mercado. A intenção é atingir, no futuro, Angola e Cabo Verde.

“A escolha por Moçambique teve a ver com a facilidade de comunicação. Eles falam a mesma língua que a gente. Outro motivo é a necessidade desse país. Ele é muito carente por vários tipos de serviços e produtos. Nosso principal concorrente será Portugal. Mas, em alguns aspectos, os produtos do Espírito Santo chegam a ter qualidade superior às mercadorias dos portugueses”, acrescenta.

A criação do centro de distribuição faz parte do Programa de Internacionalização do Sebrae/ES, que atualmente atende a 100 microempresas. “Dez desses negócios já vendem para o Oriente Médio e Europa. Na próxima semana, vamos negociar com franceses um intercâmbio de produtos. Nosso objetivo é mostrar que o trabalho capixaba tem qualidade para ser vendido em qualquer lugar do mundo”.

Um negócio da China, outro de Moçambique
O dono da empresa Plast Mais, Edson Sarcinelli Queiroz Junior, deu outro rumo para sua vida empreendedora no ano passado. Depois de participar de duas feiras do setor de plástico na China, o empresário decidiu buscar o mercado internacional. Ele acabou de abrir uma empresa de importação, exportação e de acompanhamento de carga em Hong Kong e agora vai abrir, com outros empreendedores do país, um centro de reciclagem e de fabricação de plástico, em Moçambique. “Tudo começou porque eu comprei equipamentos para o setor de fabricação de plástico na China. Levei um calote. A empresa não me entregou. Então, eu decidi, montar um negócio na China para atender o mercado brasileiro. Qualquer equipamento chinês que for comprado por um brasileiro, nós vamos testar e acompanhar desde a compra até a entrega do produto”, afirma Edson. Outro negócio, em Moçambique, surgiu depois que o capixaba participou de uma feira de negócios na África, a convite do Sebrae. “O mercado em Moçambique é muito carente. Então, tive a ideia de criar um projeto sustentável para Maputo, capital de Moçambique. O projeto tinha o objetivo de contratar catadores de lixo e depois nossa fábrica faria a reciclagem do plástico. A proposta cresceu e vai atingir três cidades desse país. Vamos produzir vários produtos, como sacolas, camisetas, saco de lixo, lona e materiais para a construção civil, como tubos e mangueiras”, destaca.

O passo a passo para chegar ao mercado exterior


1 Cadastre-se.Para participar do Programa de Internacionalização do Sebrae é preciso se cadastrar no site www.
internacionalizacao.sebrae.com.br.

2 Diagnóstico.Depois de se cadastrar, é preciso fazer um diagnóstico do seu empreendimento e produto. Essa autoavaliação é determinante para saber se a ideia da sua empresa está apta para ser comercializada em outro país.

3 Procure ajuda. Vá a uma unidade do Sebrae com sua autoavaliação em mãos e solicite a participação no projeto de exportação. Um consultor vai te atender e depois fazer um planejamento para sua empresa. Para marcar um atendimento, é só ligar para o 0800 570 0800.

4 Consultoria. Um consultor do Sebrae vai até a sua empresa para conhecer a gestão do seu negócio, verificar a qualidade do seu serviço e sugerir melhorias para sua empresa e produto.

5 Qualificação. O Programa de Internacionalização está com vários cursos on-line que vão te ensinar a exportar. Aproveite para aprender.

Para exportar com conhecimento de causa

Feiras.
Participe de feiras de caráter internacional realizadas no Brasil e no Estado para fazer contatos.

Qualificação.
Faça cursos de gestão e especializações focadas no comércio exterior.

Design.
Veja se seu produto tem qualidade, se o design está adequado e se a embalagem corresponde aos critérios de exigências do país que deseja vender.

Viaje.
Depois de estar mais preparado, passe a viajar para outros países e comece a participar de feiras e congressos no exterior.

Mercado.
Em eventos ou em pesquisas, identifique mercados que estarão de portas abertas para seus produtos. Veja também os critérios de tributação do país para onde você quer exportar.

O que o mercado quer

Artesanato.
Acessórios como bijuterias, esculturas, luminárias e quadros, entre outros artigos de decoração.

Vestuário.
Roupas, de um modo geral, e moda praia.

Mobiliário.
Estofados, camas, entre outros.

Alimentação e bebidas.
Cachaça de qualidade, café, embutidos etc.

Indústria.
Produtos para o setor metalmecânico e para a construção civil.

Tecnologia.
Soluções em Tecnologia da Informação.

Imagem: Ilustração