Pisadas: qual é o seu tipo?

Não basta só olhar para os pés do corredor. É importante observar joelhos e quadril, em movimento e parado.

É muito importante definir corretamente a maneira como você pisa ao caminhar e correr, é fundamental na escolha do tênis apropriado, evitando lesões e dores posteriores.

Antes de mais nada, é preciso lembrar que teste de pisada não é observar o desgaste da sola do calçado. Isso costuma levar a um diagnóstico errado, do chamado “falso supinador”. É preciso analisar quando e como o calcanhar toca o solo.

Fique atento às características abaixo e, se rolar alguma dúvida, faça um novo teste de pisada, de preferência numa clínica de fisioterapia ou ortopedia.

Pronadores

Pronadores têm a pisada para dentro, apoiando o pé mais internamente. A maioria dos pronadores apresenta joelho valgo, isto é, curvo para dentro. Isso força não só os próprios joelhos, podendo levar à dor e a problemas de menisco, como também o quadril.

Além disso, os casos de pronação costumam ser mais frequentes entre as mulheres, devido à anatomia preparada para a gravidez e o parto. O quadril mais largo acaba forçando os joelhos, que se curvam para dentro. Para manter o equilíbrio do corpo, o ponto de apoio dos pés fica mais interno, provocando a pisada pronada. Isso é conhecido como joelho em X.

Supinadores

A pisada supinada é a mais rara dos três tipos. Acontece quando o ponto de apoio do pé é na região mais externa. Nesse caso, o corredor costuma ter joelhos varos, ou seja, abertos.

Neutros

Os sortudos que têm pisada neutra não apresentam nenhum tipo de desvio ao caminhar ou correr. Os neutros não sofrem nenhum desabamento lateral do calcanhar. O pé toca o solo corretamente e o ponto de apoio é central.

No caso dos neutros, as pressões são equilibradas e suportadas de maneira certa pelos joelhos e quadris.


Lesões mais comuns em corredores:

Uma dorzinha aqui, outra acolá, um músculo que “pega’’ depois do oitavo quilômetro, aquela fisgada na panturrilha quando o percurso é íngreme… todo corredor tem um rosário de dores familiares, que aparecem com certa frequência e geralmente não incomodam muito, apenas o lembram do esforço físico. Entretanto, por ser uma atividade de alto impacto e totalmente viciante, a corrida produz algumas lesões que pedem atenção e tratamento. Nada grave: a tríade fisioterapia, descanso e gelo costuma resolver. (É IMPORTANTE A ORIENTAÇÃO DE SEU MÉDICO/FISIOTERAPEUTA E DE SEU PROFESSOR.)

Entorses de tornozelo

Corredor de rua já sabe: volta e meia um buraco aparece no caminho e lá se vai o pé, pisando meio fora, meio dentro e estirando ou até mesmo rompendo os ligamentos do tornozelo. Em geral, gelo e repouso são suficientes para reduzir a inflamação e cicatrizar a cartilagem lesionada. Entretanto, se a dor for muito intensa e persistir, é importante procurar um ortopedista (especialista em pé e tornozelo) que avalie a lesão e libere o retorno aos treinos.


Tendinite no tendão de Aquiles

Tendão de Aquiles é o ligamento que vai do calcanhar até a panturrilha. Quando inflamado, provoca dor durante caminhadas e trotes curtos, dor pela manhã e mesmo sua ruptura parcial pode necessitar de cirurgia (por orientação médica).

Para tratar procure um ortopedista e um fisioterapeuta, reduza treinamentos em ladeiras e aplique gelo. Em alguns casos, os treinos têm que ser abandonados por um período, para que o tendão seja totalmente recuperado.

Dor patelofemoral – Síndrome da dor patelofemoral (dor anterior no joelho)

É a dor mais comum entre corredores – talvez por ser mais chata de todas e de difícil indicação: a dor é difusa, ocorre no joelho como um todo e o corredor não sabe indicar exatamente onde é o ponto dolorido. Além disso, pode aparecer horas após o treino, como durante uma sessão de cinema, em que a perna fica na mesma posição.

Trata-se de uma inflamação na articulação (estruturas que compõem a articulação do joelho) que une a patela do joelho e o fêmur, o osso da perna. Ocasionada por falta de alongamento e excesso de treinos, o tratamento é muito simples: alongue-se bastante, antes, durante e depois do treinamento, e fortaleça os músculos das pernas com sessões de musculação na academia, focando especialmente o quadríceps femoral (parte anterior das coxas). Caso a dor persista, orientação médica torna-se necessária.

Canelite

Mais uma das campeãs entre corredores, a canelite é uma dorzinha que aparece na região da frente da canela e se intensifica se o treino é feito em subidas. Como em quase todas as lesões, é resultado de alongamento malfeito e excesso de esforço. Gelo e anti-inflamatórios sob prescrição médica costumam resolver o problema.

Importante lembrar também que fazer um aquecimento antes de pegar pesado na corrida e usar um tênis adequado ao seu biotipo e à sua pisada é fundamental para evitar qualquer problema.

Fasciíte plantar

A fáscia plantar é uma faixa de tecido conjuntivo que reveste o músculo flexor dos dedos, na planta do pé. Geralmente o corredor se queixa de uma dorzinha próxima ao arco do pé ou ao calcanhar quando esse tecido está inflamado. Isso pode acontecer em casos de superpronação ou falta de alongamento.

Isso mesmo, alongamento do pé. Para alongar a fáscia plantar, utilize uma bolinha e massageie toda a sola, dos dedos ao calcanhar, após a corrida. E utilize um tênis adequado à sua pisada.

Metatarsalgia

Um nome complicado para uma das reclamações mais frequentes entre corredores: a inflamação na parte frontal da sola do pé, onde os ossos metatarsais se conectam aos dedos. A sensação é semelhante à de se pisar constantemente sobre uma pedrinha e a dor pode ser bem intensa, a ponto de dificultar uma simples caminhada.

A metatarsalgia ocorre por um problema no alinhamento dos ossos metatarsais, agravado pela corrida, ou também a algum tipo de pé em que o atleta solta uma descarga de peso exagerada nessa região. Use uma almofada metatarsal entre a palmilha e o pé, na região que dói. Ela irá ajudar a amortecer o impacto sobre o local. E uma palmilha personalizada sob medida também ajuda nestes casos.

Neuroma

Os neuromas não são exclusivos de corredores; mulheres que exageram no salto alto são as vítimas preferenciais. Aparece como uma dor na parte frontal do pé, entre o segundo e o quarto dedos, com perda de sensibilidade e até formigamento. Importante: dói mais quando se está calçado do que quando descalço, e melhora se o pé é massageado.

O neuroma é causado por nervos pinçados ou irritados na parte frontal do pé, devido à movimentação exagerada dos ossos metatarsais. Aqui também vale o uso de almofadas metatarsais que complementem o amortecimento do próprio tênis.

Se a dor for persistente, procure um médico para exames mais apurados.


Lesões mais comuns relacionadas aos tipos de pisada

O supinador deve tomar cuidado extra com o aparecimento de neuromas. Os pronadores, com as dores no quadril ou no menisco. Quem tem pisada neutra tem menor risco de sofrer uma lesão, mas as chances existem.

É importante observar não só a maneira como o corredor se movimenta, mas também características físicas como peso, estrutura da coluna e distribuição da massa. Essas características vão acentuar os desequilíbrios identificados na pisada.

Um bom tênis, apropriado às suas características, pode não corrigir todos os problemas, mas certamente irá controlar boa parte deles, evitando lesões acentuadas. Alongamento e aquecimento antes da atividade física também são recomendados.

Veja aqui um guia das lesões mais comuns nos corredores e a importância de se determinar o tipo de pisada:

Pronadores

A maioria sofre de pés chatos, o que aumenta as chances de desenvolverem processos inflamatórios, como tendinites. As mais comuns são do tendão aquíleo, da fáscia plantar e a da patela. Isso porque pés chatos irradiam o impacto da pisada nos músculos, ossos e articulações dos próprios pés e pernas.

Além disso, pronadores costumam rotacionar a tíbia, virando os joelhos para dentro. Esse desarranjo pode provocar dores no menisco e mesmo na região lombar, quando o quadril tenta compensar o desequilíbrio do joelho.

Supinadores

Com tendência a terem pés cavos (com a curva interna muito acentuada), supinadores devem se preocupar especialmente com neuromas de Morton, que aparecem quando o impacto da pisada comprime os nervos próximos aos dedos. Fratura por estresse também aparece, principalmente do calcâneo, do segundo metatarso e da tíbia.

Neutros

Ok, vocês têm a pisada correta, sem nenhum desequilíbrio nos pés. Mas ainda assim podem desenvolver todas as lesões acima, caso utilizem calçados impróprios ou se esqueçam do bendito alongamento. Fique de olho em desconfortos e dores que insistem por vários dias e consulte um médico se sentir qualquer problema.

É de extrema importância uma avaliação completa para se determinar seu tipo de pé e pisada. Uma boa avaliação postural em conjunto com a baropodometria pode lhe ajudar nestes casos.

Imagem: Reprodução