A solução tem sido adotar protocolos cada vez mais rigorosos dentro dos hospitais
Volta e meia, a questão da segurança no atendimento ao paciente vem à tona na mídia nacional. É o que vem acontecendo após divulgação do caso de uma adolescente vítima de um descolamento de 1,5 centímetros em sua bacia após ser submetida a um parto normal forçado em maternidade do Espírito Santo. Antes, se discutia o atendimento hospitalar precário que resultou na morte de Stephanie Teixeira, 12 anos, em São Paulo. Ela recebeu, equivocadamente, vaselina líquida na veia em lugar de soro.
O que fazer para evitar outros casos de erro médico? Instituições hospitalares do Espírito Santo adotam uma postura procedimentos rigorosos e orientações contínuas aos profissionais de todos os setores. O Hospital Meridional, por exemplo, criou um plano de Gerenciamento de Risco e Protocolo da Cirurgia Segura para reduzir riscos nos atendimentos prestados.
“Os profissionais são treinados para reconhecer o que é capaz de afetar a segurança do doente, dentro das diretrizes do Gerenciamento de Risco, como, por exemplo, funcionamento inadequado de um aparelho naquele momento, instrução não clara para um procedimento ou má administração da medicação”, explicou o diretor de Relacionamento do Grupo Meridional de Saúde, Marne do Nascimento.
É com base nessas diretrizes que se alicerça o Protocolo da Cirurgia Segura. Com ele, se evita que um membro do corpo seja operado em lugar de outro. A dinâmica é simples. Dentro do centro cirúrgico, em voz alta, toda a equipe médica confere os dados do paciente como nome, enfermidade, tipo da cirurgia a ser feita e o local do corpo a receber a intervenção.
“Se algum dado for discordante entre a equipe médica o procedimento é cancelado na hora. Só remarcamos a cirurgia após checar as informações do paciente e ter a segurança para o atendimento” detalhou o diretor Marne do Nascimento.
De acordo com ele, esse protocolo é amparado, ainda, com treinamentos e acompanhamento dos profissionais de saúde. “Não adianta nada oferecer uma estrutura de protocolo segura se a instituição deixar de zelar por seus profissionais”, acrescentou.
Alguns casos:
Espírito Santo
* A médica Isabela Natali foi acusada de mutilar mulheres aqui no Espírito Santo depois de um procedimento cirúrgico conhecido como lipoligth. O procedimento consiste na retirada de gordura com uma cânula. As pacientes denunciaram que sofrerem queimaduras de terceiro grau e necrose, além de dores e sangramentos nas feridas que não cicatrizavam, após a cirurgia. Em 2006, o Ministério Público Estadual denunciou a médica por lesão corporal grave. Isabela Natali chegou a ficar afastada das funções durante seis meses porque foi suspensa de fazer atendimentos pelo Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo e da Bahia.
Outros – Um casal capixaba alega que o filho teve um corte na cabeça e a clavícula quebrada após um erro médico ao nascer em maternidade do Espírito Santo. Uma professora acusa um hospital de Guarapari de erro médico. Ela precisava tratar um coágulo no cérebro, mas passou por uma cirurgia do lado errado do órgão que tinha um problema.
Brasil
Pinça na barriga
*A aposentada carioca Isaíra Maria Gonçalves submeteu-se a uma operação para retirada de um tumor no útero, em 1992. Na aparência, a cirurgia, realizada no Hospital Salgado Filho, da rede municipal, foi um sucesso. Isaíra teve alta no dia seguinte e passou a viver normalmente. Até que, no Natal de 1997, começou a sentir uma dor forte e persistente na barriga. A urina estava escura. “Achei que tivesse comido alguma coisa estragada”, lembra. Com essa suspeita, ela foi novamente levada pela família ao Hospital Salgado Filho. Uma radiografia revelou uma informação espantosa: dentro de seu abdome havia uma pinça cirúrgica de 15 centímetros. O instrumento tinha sido esquecido pela equipe que fez a operação. Isaíra foi transferida imediatamente para o centro cirúrgico e operada. “O mais inacreditável é que, durante cinco anos, eu não senti nada”, diz. A família move uma ação indenizatória contra o município do Rio de Janeiro por negligência médica. (Fonte: Revista Veja)
Outros – Um recém-nascido ficou cego porque esqueceram de colocar algodão para proteger seus olhos na incubadeira. Uma judoca de 14 anos foi internada para operar o menisco da perna direita. Quando acordou, descobriu que tinham mexido no menisco sadio da perna esquerda.
Imagem: Ilustração