Quem não tem casa própria e depende do aluguel para morar já notou que os preços cobrados pelos proprietários estão cada vez mais salgados. Uma pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgada nesta quarta-feira (1º), mostra que as despesas com aluguel pesam o dobro da prestação de um imóvel financiado no salário do brasileiro.
As famílias brasileiras gastam em média 6,7% da renda com a prestação da casa própria financiada, enquanto que quem paga aluguel compromete 12,3% dos seus ganhos com essa conta.
O estudo do Ipea foi feito com base na evolução dos dados urbanos da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), realizada entre 2002/2003 e entre 2008/2009 pelo IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística).
O estudo do Ipea constata esse fato e destaca que “é curioso, pois o aluguel não exige a amortização do valor do imóvel, como ocorre com os financiamentos, muito embora o valor da prestação dependa também do valor da entrada”.
O Ipea lembra que o valor da entrada que o comprador oferece quando vai financiar um imóvel é decisivo para definir o tamanho da prestação, “o que não ocorre no aluguel, que é apenas o pagamento de renda (juros) ao proprietário”. Ou seja, quanto maior a entrada na compra da casa própria, menor o valor da prestação e, claro, menor o impacto na renda familiar.
Outro fator apontado pelo instituto para a diferença de pesos entre o aluguel e a prestação da casa própria no bolso do brasileiro é a regulação do setor de compra e venda de imóveis, que beneficia quem adquire o imóvel.
A quantidade de famílias brasileiras que financiaram imóveis subiu de 42% para 59% entre 2002/2003 e 2008/2009. O Ipea destacou ainda que “os imóveis novos adquiridos a prazo obtiveram um indicador bem mais alto, subindo de 88% para 132% da renda familiar anual dessas famílias”, também entre as duas POFs.
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