Estados apresentam alto risco de epidemia de dengue neste verão

Dezesseis estados do País estão sob risco muito alto de enfrentar uma epidemia de dengue neste verão e outros cinco estão sob risco alto. O cálculo, feito com base numa ferramenta criada pelo governo, leva em conta índices de infestação pelo mosquito que transmite a doença e a cobertura de abastecimento de água.

No primeiro levantamento feito com essa nova ferramenta, em setembro do ano passado, 10 Estados se enquadravam como de risco muito alto e 9, de risco alto. Diante do crescimento, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reuniu-se ontem com representantes de 12 ministérios e com a presidente Dilma Rousseff para traçar um plano de combate à doença.

Entre as linhas definidas está a de, a médio prazo, dar prioridade para áreas de risco de dengue na concessão de projetos de saneamento e resíduos sólidos. De acordo com ministério, no Norte e Nordeste, a maior parte dos criadouros do mosquito transmissor da dengue são encontrados em caixas d”água, tambores, tonéis e poços, usados pela população para driblar a falta abastecimento de água.

Para evitar que a doença alcance proporções semelhantes às de 2010, o ministério afirmou ter reservado R$ 1,08 bilhão para as ações de combate. Os recursos, no entanto, já haviam sido anunciados ano passado.

O Ministério da Saúde não tem informação sobre os números da doença registrados neste ano. No entanto, o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, afirmou que, no momento, a maior preocupação está voltada para Amazonas e Rio Branco, regiões onde há um aumento crescente do número de casos. Técnicos do ministério foram enviados ao Amazonas e, na sexta-feira, deverão concluir se há uma epidemia no Estado, que na semana passada registrou um caso de dengue tipo 4, que estava ausente do País havia 28 anos.

O aumento de áreas consideradas de risco e alto risco entre setembro e janeiro é atribuído à atualização de dados do novo Levantamento Rápido de Índices de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa). Mas, além disso, Padilha afirma que o ministério preferiu ser “mais conservador”.

“Entre 16 Estados considerados como de risco muito alto, dois reuniam condições para serem rebaixados. Preferimos manter a mobilização”, afirmou o ministro da Saúde.

No cenário divulgado ontem, São Paulo, Paraná, Rondônia e Distrito Federal têm risco moderado para a doença. Os Estados considerados de alto risco estão localizados na Região Norte e Nordeste (mais informações nesta página). Rio Grande do Sul tem transmissão focalizada.

Mobilização. Na próxima semana, Padilha deverá se reunir com governadores de Estados onde a situação é mais crítica. O ministro também informou que o Ministério da Saúde deverá fazer acompanhamento sistemático da implantação dos planos de contingência para a doença – onde são previstos esquemas de emergência para casos de um aumento elevado do número de pacientes na cidade. Até hoje, os estados de Pernambuco, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Tocantins, Paraná e Rio Grande do Sul não apresentaram seus projetos para casos de epidemia de dengue.

Além disso, foi determinado que os 70 municípios considerados prioritários deverão informar diariamente óbitos suspeitos de terem sido provocados pela dengue e, semanalmente, o número de pacientes com suspeita.

Ontem, ministério divulgou também os números de infestação do mosquito Aedes aegypti em 370 municípios. Desse total, 24 estão com risco de surto – incluindo as capitais Rio Branco e Porto Velho. Outros 154 estão em situação de alerta, dos quais 14 são capitais.

O governo não tem dados fechados sobre dengue no ano passado. Entre janeiro e outubro de 2010, foram notificados 936.260 casos suspeitos da doença. Em 2009, foram 323.876 confirmados. Até outubro de 2010, foram contabilizadas 598 mortes suspeitas de terem sido provocadas pela dengue. Em 2009, foram confirmadas 298 mortes.

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