Andar de ônibus aumenta em seis vezes o risco de gripes e resfriados

Se você andou de ônibus recentemente, as chances de pegar uma infecção respiratória aumentam em seis vezes. As janelas fechadas dos veículos e a falta de higiene da população são os principais fatores que levam à maior exposição a vírus e bactérias. Pesquisadores da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, estudaram a relação entre transporte público e o risco de infecções respiratórias, como resfriados e gripes.

Publicado na revista científica Journal BMC Infectious Diseases, o estudo avaliou 138 pessoas entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009 (período de inverno no Reino Unido). Entre os participantes, 72 estavam com infecções respiratórias.

De acordo com o autor da pesquisa, Jonatham Van Tam, “foi encontrada uma relação estatística significativa entre as infecções respiratórias e o uso de ônibus e bondes nos cinco dias anteriores ao início dos sintomas”.

Para o pneumologista Hassan Ahmed Yassine Neto, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos (São Paulo), se a pesquisa fosse feita em um país menos desenvolvido, o risco de transmissão seria maior “por causa do nível socioeconômico”.

Isso porque a falta de higiene dos usuários é uma dos fatores que aumentam as chances de transmissão. O médico explica que as pessoas se infectam quando colocam as mãos no nariz ou na boca após tocarem corrimão, bancos ou barras contaminadas.

– A pessoa põe a mão para tossir ou espirrar e depois encosta a mão suja em uma barra ou no banco. Você então se contamina por uma deficiência de higiene do outro. O lugar mais perigoso do mundo talvez seja o corrimão da Sé [estação do metrô de São Paulo].

O segundo fator que faz o usuário se expor mais a vírus e bactérias no transporte público são as janelas fechadas dos veículos, o que ocorre principalmente no inverno ou quando chove. Segundo Yassine Neto, as janelas fechadas fazem os agentes infecciosos circular por mais tempo dentro do meio de transporte, aumentando o risco de transmissão aérea.

Apesar das explicações, o pneumologista diz que é difícil garantir que uma pessoa tenha se infectado dentro do ônibus, como indica o estudo britânico.

– As pessoas podem se infectar em qualquer lugar. É difícil dizer que a causa principal seja o ônibus.

Tipos de infecção

Existem dois tipos de infecções transmitidas em ônibus – seja por contato aéreo ou manual – de acordo com o infectologista Paulo Abrão, do Hospital Bandeirantes. O primeiro grupo são os resfriados, que causam dor de garganta, coriza e pouca ou nenhuma febre.

– Esse tipo de resfriado não anula a pessoa, que melhora em poucos dias.

O segundo tipo são as gripes, causadas pelo vírus da influenza, e que costumam ser mais graves e causar febres altas.

– Pessoas com doenças crônicas podem ter o caso agravado.

De acordo com Abrão, essas são as doenças de mais fácil transmissão.

– As outras precisariam de um contato mais prolongado, não basta só um trajeto de ônibus.

Mas, segundo Yassine Neto, algumas bactérias também podem causar infecções das vias aéreas, como faringites, pneumonia, algumas bronquites e sinusites.

E a principal forma de proteger contra essas doenças, dizem os especialistas, é a higiene pessoal. A recomendação é manter as mãos sempre limpas, sem levá-las à boca dentro do transporte público. Além disso, se a pessoa estiver resfriada ou gripada, a dica é carregar um lenço descartável, para usar em caso de tosses e espirros.

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