A manga colore as prateleiras das feiras e dos supermercados no início do ano e não pode faltar na sua cozinha. Novos estudos mostram que, além de deliciosa, ela ajuda a combater alguns tipos de câncer
Se você é fã de filmes épicos, será fácil entender por que a manga tem sido considerada uma defensora da nossa saúde. Imagine que seu corpo seja um castelo medieval prestes a ser atacado por invasores. Em algumas situações, os inimigos até penetram na fortaleza, mas precisam vencer obstáculos como tanques de água e alguns guardas que ficam na porta de entrada. No organismo, os vilões são os famosos radicais livres, moléculas que podem promover saques devastadores. Os guardiões, fornecidos pela manga, são os polifenóis.
Eles são antioxidantes que, segundo um estudo feito pela Universidade Texas A&M, nos Estados Unidos, conseguem provocar a morte de células tumorais — algo semelhante a jogar uma bomba no malévolo penetra e impedir que ele provoque estragos. “O trabalho mostrou que a fruta é benéfica contra tumores de pulmão, próstata e até leucemia. Entretanto, o maior efeito é na prevenção dos cânceres de mama e cólon”, conta Suzana Camacho, chefe do Departamento de Nutrição do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. “A maioria dos polifenóis não é absorvida pelo intestino delgado. Assim, alguns chegam ao intestino grosso, modulando sua microflora. Por isso, contribuem para reduzir o risco de câncer no cólon”, afirma Beatriz Botéquio de Moraes, nutricionista da Equilibrium Consultoria, em São Paulo. No caso do câncer de mama, os cientistas supõem que as células malignas sejam mais sensíveis à ação dessas substâncias benéficas.
O mecanismo de atuação delas, aliás, também é digno de cena de filme e ocorre em três frentes de batalha. “Em primeiro lugar, os polifenóis evitam que os radicais livres provoquem danos ao DNA”, explica o nutricionista oncológico Fábio Gomes, do Instituto Nacional de Câncer. “Depois, caso algum agressor progrida no ataque e cause estragos, eles aceleram o processo de regeneração do DNA, que ocorre naturalmente em menor escala. Por fim, caso seja inevitável, provocam a morte da célula defeituosa.”
E o melhor: ao promover o suicídio dessas células, ou apoptose, como preferem os especialistas, não criam problemas ao batalhão sadio, que segue incólume. “É que a apoptose ocorre normalmente nas células saudáveis, mas não nas tumorais. Esse é um dos motivos pelo qual o câncer se propaga rapidamente”, esclarece o oncologista Jacques Bines, do Hospital Balbino, no Rio de Janeiro.
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