Grupo de Acesso surpreende capixabas no primeiro dia de desfile do carnaval de Vitória 2011

Riqueza em fantasias e alegorias, em conjunto com as coreografias bem sincronizadas, surpreendeu o público no desfile das Escolas de Acesso



A primeira escola a entrar na avenida foi a Chegou o que Faltava, com aproximadamente 1.100 componentes, 13 alas, três carros alegóricos e um tripé. Logo em seguida veio a Rosas de Ouro. Esta com mil componentes, 14 alas, três carros alegóricos e um quadripé. Por último, a Andaraí trouxe 800 componentes, 11 alas e três alegorias. 
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Chegou o que faltava
Mesmo com uma hora de atraso, a previsão era para que o desfile começasse às 20 horas, a escola de Goiabeiras, Chegou o que Faltava, estreou a avenida do Sambão do Povo com o pé direito das lindas borboletas bailarinas que compunham a comissão de frente. Elas representavam o despertar da primavera, que veio representado logo em seguida, no carro abre-alas.
O carnavalesco João Venâncio procurou distribuir diversos significados da palavra “despertar”, palavra que dá nome ao samba-enredo da escola. “Despertamos de diversas maneiras, seja para fazer uma crítica social ou para dar asas à imaginação”, conta. O Conde Drácula e a Branca de Neve estiveram presentes nos carros alegóricos, segundo Venâncio, “despertando cada um à sua maneira”.
Apesar de possuir menos componentes que as concorrentes, a escola não se deixou desanimar e desfilou com disposição e muita animação. Mônica Moreira, 24 anos, é da comunidade de Goiabeiras e é a segunda vez que desfila na avenida pela escola. Ela conta que esse ano foi muito melhor do que no ano passado e que tem acompanhado a escola crescer a cada ano.
Segundo Mário Cesar Soares, diretor de alegorias pesadas, o atraso foi vantajoso para a escola, que pode acertar todos os detalhes que faltavam na última hora. O diretor estava muito confiante do trabalho no fim do desfile, “superou todas as expectativas”, disse.

Rosas de Ouro

Em nossa enquete, a Andaraí disparou como favorita, “não que a Rosas de Ouro não tenha sido tão maravilhosa quanto, mas pecou em alguns quesitos”, comentou o professor Anderson S. Aquino, que também é músico e, por isso, percebeu que a sonorização não correspondeu ao que veio. “A sonorização não estava batendo com a harmonia da bateria, fazendo com que a dissonância atravessasse para quem estivesse ouvindo nos camarotes”, explicou Anderson.
Outro erro que a Rosas de Ouro cometeu foi na saída do recuo. A impressão que as pessoas tiveram foi que houve uma falta de comunicação entre os líderes da harmonia, resultando num buraco entre a rainha e a bateria. Isso, sem contar com o atraso de 11 minutos, momento em que a última alegoria ainda saía da avenida.
Mas, mesmo com essas falhas, a Rosas de Ouro arrancou muitos elogios, principalmente por causa da comissão de frente que, segundo as pessoas que estavam no local, lembrava os “Piratas do Caribe”. Todos muito bem sincronizados, vestidos e maquiados, representando o enredo “É pirata? Fica de olho! A rosas de ouro vai desvendar o tesouro”.

Logo em seguida, a ala “Escravos guardiões dos faraós” trazia, entre seus componentes, uma portadora de necessidades especiais na cadeira de rodas, dando exemplo de alegria e superação, do mesmo modo que pudemos ver na primeira linha da bateria. Outra pessoa nas mesmas condições, tocando bumbo, fazia da cena ainda mais bonita de se ver.
Assim como lindos homens musculosos representavam “Os tesouros perdido da humanidade” no carro abre-alas, belíssimas sereias representaram os “Contos, lendas e superstições cruzando os sete mares” no segundo carro. Para muitos, a Rosa de Ouro trouxe o melhor desfile da noite.
Outro grande destaque na escola, se não o maior da noite, foi a rainha de bateria Ingrid Milagres. A moça veio direto da Beija-Flor, escola Carioca, para desfilar na avenida capixaba pela Rosas de Ouro, esbanjando simpatia e mostrando muito samba no pé. O último carro trouxe como destaque a Drag Queen mais famosa do Estado: Chica Chiclete. 
Andaraí
A Andaraí encerrou o desfile com chave de ouro. Com o enredo “Andaraí canta São Pedro: A terra sonhada era mangue, na lama prometida, a redenção! Luta, é a riqueza do lugar de toda bravura”, a escola representou, logo na comissão de frente, a Andada dos Caranguejos, com direito a catadores de caranguejo fazendo parte da coreografia.
As alas que vieram contavam a história do bairro São Pedro: as decepções e dificuldades encontradas, a visibilidade que o lixo e a pobreza trouxeram para São Pedro, a corrupção política que assolava o bairro, a visita do Papa João Paulo II, a criação da usina de lixo e das cooperativas, as conquistas sociais e políticas; tudo com belas alegorias confeccionadas com material reciclado.
Com a bela história do mangue que deu origem ao bairro São Pedro, em Vitória, a escola de samba Andaraí deixou o sambódromo em meio a aplausos e como favorita ao título do Grupo de Acesso.

Colunista: Yollanda Gomes
Imagens: Tamara Martins