O que é a Disfunção Temporomandibular?
Para que possamos conceituar as Disfunções Temporamandibulares ou DTM, sigla pela qual é reconhecida, devemos inicialmente entender alguns conceitos básicos sobre a anatomia de modo geral. Nosso corpo é formado por diferentes articulações, que basicamente são pontos de contato que permitem a ligação entre diferentes ossos, como por exemplo, o joelho.
Nesse contexto, a articulação da mandíbula com o crânio, ou mais especificamente, o processo côndilar da mandíbula com o osso temporal é chamada de articulação temporomandibular.
Desse modo, caracterizada a articulação, podemos agora entender que a Disfunção Temporomandibular ou DTM é, em seu sentido mais amplo, tida como sendo um conjunto de distúrbios articulares e musculares na região orofacial, caracterizados principalmente por dor, ruídos nas articulações e função mandibular irregular ou com desvio.
O que causa a DTM?
Até um passado não muito distante, as DTMs eram atribuídas a fatores de origem dental (interferências oclusais, ausências dentárias, más-posições). Contudo, com a agregação de conhecimentos de diferentes áreas da saúde, concluiu-se que os fatores oclusais na verdade apresentam um papel secundário e não determinante nos sinais e sintomas da DTM.
Hoje, entende-se que essas disfunções possuem etiologia multifatorial com alterações neuromusculares, articulares e psicogênicas associadas. Não existe um fator causal dominante. Parafunções, maloclusões e traumatismos associados ao stress e/ou desequilíbrios emocionais, são as condições comuns que usualmente levam os pacientes a procura do dentista com queixa de dor na região da articulação tempormandibular.
Vale-se lembrar que sinais e sintomas da DTM são comuns na população em geral, e, no entanto, a simples presença destes sinais não permite conclusões sobre o grau de incapacidade ou mesmo a necessidade de tratamento destes indivíduos.
Quais os sinais e sintomas?
De modo geral os sinais e sintomas relacionados a DTM geralmente remetem dor na articulação temporomandibular podendo apresentar ruídos e estalos, cefaléia, dor muscular, fadiga muscular, miosite, dificuldade de abrir a boca, otite, desgastes dentais, zumbido, travamento mandibular aberto, dificuldade par mastigação e até mesmo mudança na postura da cabeça.
Fatores relacionados e consequências para a saúde
Vários são os fatores que quando presentes podem levar ao desenvolvimento da DTM, entre os quais podemos citar a presença de bruxismo, hábitos parafuncionais, estresse, desequilíbrios emocionais e problemas oclusais. Sendo que hoje, podemos dizer que, quanto maior o número de fatores envolvidos, maiores são as chances de o paciente vir a desencadear dor e disfunção.
Nesse contexto, tomemos, por exemplo, o estresse. Considerado a doença da modernidade, o estresse pode levar o paciente a desenvolver certos hábitos, entre os quais poderíamos citar o bruxismo. O estímulo mecânico causado pelo bruxismo não está limitado ao desgaste observado nos dentes, sua ação sobre a musculatura é evidente e, se persistente, fará com que ocorra um estímulo prolongado com conseguinte ativação dos músculos mastigatórios, que sob tensão e sobrecarregados podem levar a uma sintomatologia dolorosa. Isso se aplica também a outros hábitos parafuncionais, como mastigação unilateral, onicofagia (roer unhas), jogo mandibular, sucção de dedos, mascar chicletes e mesmo hábitos de morder o lábio, bochechas ou objetos, predispondo assim à ruptura da harmonia do sistema estomatognático. Assim, se os músculos tendem a trabalhar mais, eles podem entrar em fadiga e tendo suas funções modificadas, podendo ocasionar em dor e desconforto.
A manutenção de um quadro de dor em pacientes com DTM tem implicação direta na saúde do indivíduo de modo geral. Quando existe a procura por tratamento, a dor é um dos sintomas mais frequentes relatados nos serviços de saúde, que o aflige não só de forma física, mas também psicológica, interferindo diretamente nas relações sociais de cada individuo.
Existe tratamento?
A cura permanente e propriamente dita da DTM ainda é fator de discussão e objeto de estudo de inúmeros pesquisadores e clínicos, até o presente momento, de maneira geral, o entendimento comum aos especialistas é de que ela pode ser controlada. Atualmente, temos a disposição de diversas terapias que podem ajudar o paciente a controlar a sintomatologia dolorosa e desconforto gerados pela manutenção de uma DTM.
Considera-se que um entendimento e abordagem multidisciplinares é hoje a chave para o sucesso clínico de qualquer tratamento da DTM, que não deve incluir apenas o ponto de vista da terapia odontológica, usualmente remetido a confecção de dispositivos oclusais, ou mesmo uma terapia medicamentosa para alívio da dor. Hoje devemos considerar que o tratamento multidisciplinar da DTM deve incluir cirurgiões dentistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, médicos e até mesmo psicólogos.
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