O Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) alcançou neste domingo (05) grandes progressos sobre o tratamento do melanoma metastásico
Após 30 anos de pesquisa, o Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) alcançou neste domingo (05) grandes progressos sobre o tratamento do melanoma metastásico, cuja incidência cresce 10% a cada ano e ao que só sobrevive 1 de cada 4 pacientes aos 12 meses do diagnóstico.
Neste congresso coincidiram várias pesquisas com tratamentos dirigidos contra um tumor para o qual apenas havia uma breve abordagem, incluindo a quimioterapia.
O doutor Salvador Martín Algarra, presidente do Grupo Espanhol Multidisciplinar de Melanoma (GEM), destacou, em declarações à Agência Efe, dois ensaios em fase III (com a participação de centenas de pacientes) que verificaram a eficácia de fármacos inovadores.
O primeiro atua sobre o sistema imunológico (ipilimumab) e o outro utiliza uma via molecular (vemurafenib), convertendo-se no primeira tratamento personalizado para os doentes com mutação da proteína BRAF V600, que apresentam 50% do total dos afetados.
Antoni Ribas, do centro de câncer da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), acompanhou o teste BRIM3, cujos dados mostram que o uso de vemurafenib consegue que os pacientes com melanoma metastático e mutação da proteína BRAF V600 “vivam mais tempo e além disso sem experimentar uma piora”.
Em declarações à Agência Efe, explicou que este fármaco oral foi desenvolvido com uma prova diagnóstica que identifica os candidatos a beneficiar-se do tratamento, dando assim mais um passo no conceito da “medicina individualizada”.
O trabalho, no qual participaram 675 pacientes, comparou o uso de vemurafenib em primeira linha de tratamento frente à quimioterapia dacarbazina, com um resultado de uma diminuição do risco de mortalidade de 63%.
Os bons resultados do estudo – apenas 14% dos doentes não responderam – ressaltam, segundo o pesquisador, a necessidade que os centros hospitaleiros da Espanha incorporem como rotina o estudo genético de todos os melanomas avançados.
Um segundo estudo fase III com ipilimumab também cumpriu seu objetivo principal de sobrevivência global ao melanoma metastásico, e seus resultados foram publicados no New England Journal of Medicine além de apresentar-se em ASCO.
A doutora Caroline Robert, do Instituto Gustave Roussy de Paris e autora principal do estudo, informou que 47% dos pacientes tratados com a combinação de ipilimumab mais dacarbazina sobrevivia após um ano, 28% após dois anos e 20% seguia vivo após três anos.
A média de duração da resposta foi de 19,3 meses no grupo tratado com ipilimumab mais dacarbazina, frente os 8,1 meses dos que só receberam quimioterapia, precisou o doutor Jedd Wolchok, pesquisador do Memorial Sloan-Kettering Câncer Center.
O presidente do GEM concluiu que estas novas vias “abrem uma janela e esclarecem, pela primeira vez em muitos anos, o que permaneceu obscuro durante muito tempo”.
“Temos uma droga que consegue taxas de sobrevivência altas a longo prazo, comparada com a quimioterapia, e outra que alcança uma taxa de resposta muito alta em um subgrupo de pacientes com este tumor”, assinalou o presidente do GEM.
O seguinte passo a dar é, segundo sua opinião, combinar estes dois remédios e, de fato, tanto Roche como Bristol, os dois laboratórios que desenvolveram as pesquisas “estão de acordo” para empreender um teste combinado.