Serão 27 milhões de empregos gerados em cinco anos
Apesar da burocracia e falta de apoio a micro e pequenas empresas no país, o Brasil alcançou a maior taxa de empreendedorismo entre países do G20 – grupo que reúne 19 países desenvolvidos e emergentes, e BRIC – grupo dos emergentes. Com o crescimento anual a expectativa é a criação de 27 milhões de novos empregos gerados em cinco anos.
É o que aponta a 11ª edição da Pesquisa Global Entrepreneuship Monitor (GEM 2010), divulgada na última terça-feira (26), em entrevista coletiva, em São Paulo.
No ano passado o país registrou a maior Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA): 17,5% da população entre 18 a 64 anos. Esse percentual revela que 21,1 milhões de brasileiros exerceram atividade empreendedora no ano passado.
“A participação expressiva dos negócios novos mostra que a grande maioria dos empreendimentos no Brasil está conseguindo superar os primeiros três meses e se manter no mercado, o que é muito positivo” – afirma o presidente nacional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Luiz Barretto. O país está no bloco dos países intermediários. Mas, consolida-se e caminha para a economia dos desenvolvidos, acredita.
Nessa edição, a participação da mulher brasileira teve um ligeiro declínio. Ou seja, a taxa de empreendedorismo nesse grupo foi de 49%, enquanto que, em 2009 chegou a 53%. “É a taxa mais alta do mundo. Elas empreendem mais do que em qualquer outro lugar do mundo. Além disso, elas estão quase empatadas com os homens, com um índice de 51%”, explicou o representante do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), Eduardo Rigger. O órgão é a instituição executora da pesquisa no Brasil, que conta com a parceria do Sebrae.
Um dos pontos mencionados na coletiva é quanto a relevancia da inovação não só em equipamentos, mas em mão de obra qualificada e gestão de negócio. Esse é ainda um entrave para que as micros e pequenas expadem seus produtos para outros mercados consumidores. O presidente do Sebrae explicou que investir nessa modalidade é algo inevitável.”O Brasil é visto pelos empresários como um país das oportunidades. Para fazer o negócio ter longa vida é preciso inovar, aprimorar e oferecer produtos”.
Barreto e Rigger mencionaram a importancia da inclusão da disciplina de empreendedorismo nas escolas públicas desde o ensino fundamental, passando pelo médio e até as universidades. Todas as pessoas buscam a sua independência, o seu negócio próprio. Inclusive, a pesquisa apontou que a independência é fator motivacional para a abertura de novos empreendimentos.
A pesquisa, feita em 60 países, tem por objetivo fazer um raio-x do empreendedorismo no Brasil e no mundo mostrou que a população empreendedora se concentra entre jovens de 18 a 34 anos. A Pesquisa GEM 2010 está disponível na página do Sebrae na Internet: http://www.sebrae.com.br/
Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) nos grupos G20 e BRIC
Entre os 17 países membros do G20 que participaram da pesquisa em 2010, o Brasil é o que possui a maior TEA, ultrapassando a China, com 14,4%, e superando também a Argentina, com 14,2%, a Austrália, com 7,8%, e Estados
Unidos, com 7,6%. Entre as nações que formam o BRIC, o Brasil tem a população mais empreendedora, com 17,5% de empreendedores em estágio inicial – a China teve 14,4%, a Rússia, 3,9%, enquanto a Índia não participou da pesquisa nos últimos dois anos. Em 2008, a TEA da Índia havia sido de 11,5%. Em 2009 a TEA do Brasil havia sido de 15,3%, ocupando a segunda posição no grupo dos G20, abaixo da China com taxa de 18,8%.
O primeiro grupo é o dos países cujas economias são baseadas na extração e comercialização de recursos naturais, que são os menos desenvolvidos, como a Bolívia e Uganda. O Brasil faz parte dos países impulsionados pela eficiência – que reúne as economias norteadas para a eficiência e a produção industrial em escala, onde também estão Chile e China. Os demais são países impulsionados pela inovação, que são os mais ricos, como Estados Unidos e Itália.
A pequisa
A pesquisa é realizada no exterior desde 1999. Chegou ao Brasil em 2000 por meio do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBPQ). Em 2001, passou a contar com a participação do Sebrae. A GEM tem entre suas finalidades avaliar, divulgar e influenciar as políticas de incentivo ao empreendedorismo no Brasil e no mundo. Sessenta países participaram do estudo em 2010, número recorde.
Para compor a pesquisa no Brasil, nos meses de maio a julho de 2010, foram entrevistadas 2 mil pessoas, de 18 a 64 anos de idade, em 27 cidades de todas as regiões brasileiras, selecionadas por meio de amostra probabilística. No mundo, foram mais de 180 mil pessoas ouvidas em 2010. A pesquisa, que tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 1,5%, conta ainda com opiniões de 36 especialistas brasileiros. Entre os anos de 2000 a 2010, foram entrevistados no País 23,9 mil adultos.
Imagem: Reprodução
Colunista: Ivan de Freitas